domingo, 16 de fevereiro de 2014

FANTASIA: FANTASMA, ATIVIDADE IMAGINATIVA, IMAGENS DE FANTASIA E E SONHOS...

Cidade de Sonho by Rosan


SOBRE FANTASIA...

Por fantasia, C.G. Jung entende duas coisas distintas: 
                 A)- O Fantasma  (fantasia ativa e passiva)
B) - A  Atividade Imaginativa.


C.G. Jung

A FANTASIA COMO FANTASMA

"Por fantasia enquanto fantasma 
entendo um complexo de representações que se distingue 
de outros complexos de representações
 por não lhe corresponder externamente uma situação real. 

Na realidade da experiência psicológica do dia-a-dia, 
a fantasia  ou é acionada por uma atitude intuitiva de expectativa 
ou é uma irrupção de conteúdos inconscientes na consciência" 
(C.G.Jung - XI.Definições - em Tipos Psicológicos, OC/Vol.VI - par.799)

É também possível distinguir entre fantasia ativa e fantasia passiva...

Tanto uma quanto a outra só podem ocorrer numa dissociação relativa da psique, 
pois seu aparecimento pressupõe que uma quantidade considerável de energia
 se tenha subtraido ao controle consciente 
e se apossado de materiais inconscientes.

As fantasias ativas, características da mentalidade criativa, 
são evocadas por uma atitude intuitiva 
voltada para a percepção dos conteúdos inconscientes. 
A fantasia ativa, enquanto produto de uma atitude consciênte 
que NÃO é necessariamente oposta ao inconsciente, 
requer  mais compreensão do que crítica.

As fantasias passivas são manifestações espontâneas e autônomas 
dos complexos inconscientes.
A fantasia passiva necessita sempre de uma crítica consciente, 
para que não se reforce meramente o ponto de vista do inconsciente.


C.G. Jung

Segundo Jung: 
"É provável que a fantasia passiva tenha sua origem 
num processo inconsciente e oposto à consciência 
mas que reune em si 
quase tanta energia quanto a atitude consciente e, por isso, 
é capaz de quebrar a resistência dessa.

A fantasia ativa, ao contrário,
 não deve sua existência unilateralmente 
a um processo inconsciente intenso e contraditório, 
mas também a uma disposição da atitude consciente 
de assumir os indícios ou fragmentos de relações inconscientes 
e relativamente pouco acentuadas e, 
por meio de associação de elementos paralelos, 
apresentá-los numa forma visual plena.

Não se trata, portanto, na fantasia ativa, 
necessáriamente de um estado de alma dissociado mas, antes, 
de uma participação positiva da consciência."
(C.G. Jung - XI.Definições, em Tipos Psicológicos, OC Vol. VI - par.800-801)

Ainda:
"Resumindo, podemos dizer que a fantasia 
deve ser entendida tanto causal como finalisticamente:

- À explicação causal, a fantasia aparece como sintoma 
de um estado fisiológico ou pessoal 
resultado, por sua vez, de acontecimento anterior.

- À explicação finalista, porém, a fantasia se apresenta como símbolo
 que procura, com ajuda de materiais disponíveis, 
caracterizar ou apreender certo objetivo ou, melhor, 
certa linha de desenvolvimento psicológico futuro"
(C.G. Jung - XI.Definições em Tipos Psicológicos, OC, Vol.VI, par.808)



C.G. Jung


FANTASIA COMO ATIVIDADE IMAGINATIVA

"A imaginação é a atividade reprodutora ou criativa do espírito em geral, 
sem ser uma faculdade especial, 
pois se reflete em todas as formas básicas da vida psíquica: 
pensar, sentir, sensualizar, intuir.

Para mim, a fantasia como atividade imaginativa 
é mera expressão direta da atividade psiquica,
 da energia psíquica que só é dada à consciência 
sob a forma de imagens ou conteúdos.
(...) É um sistema de força manifestado à consciência..."
(C.G. Jung, XI. Definições, em Tipos Psicológicos, OC Vol. VI - par.810)



C.G. Jung

CONCLUINDO...

Segundo Jung:

"A partir desse ponto de vista, pode-se dizer, então, que 
a fantasia enquanto fantasma 
é uma determinada quantidade de energia que 
não pode manifestar-se à consciência a não ser na forma de imagem. 
O fantasma é uma idéia-força.

O fantasiar enquanto atividade imaginativa
é idêntico ao fluir do processo psíquico de energia"
(C.G. Jung - XI. Definições, em Tipos Psicológicos, OC Vol.VI - par. 810
Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 1991)





IMAGENS DE FANTASIA E SONHOS...

Jung considerava as imagens de fantasia  que atravessam 
nossos sonhos acordados e nossos sonhos da noite - 
e que estão presentes inconscientemente em toda nossa consciência - 
como os dados primários de nossa psique.
Tudo o que sabemos e sentimos, e cada afirmação que fazemos,
 estão baseados em fantasia,
 ou seja, provêm de imagens psíquicas. 

Estas não são simplesmente os destroços da memória, 
a reprodução das percepções,
 restos arranjados daquilo que impacta nossas vidas...


J. Hillman

Seguindo Jung e, posteriormente, Hillman, 
podemos utilizar as palavras imagens de fantasia 
no sentido poético, considerando as imagens 
como os dados básicos da vida psíquica,
que se auto-originam, são inventivas, espontâneas,
completas e organizadas em padrões arquetípicos.

James Hillman , rumo a uma psicologia da alma, 
 baseada numa psicologia da imagem, vai sugerir, 
tanto uma base poética da mente,
quanto uma psicologia que começa nos processos da imaginação... 

Rosanna Pavesi/Fevereiro 2014