sábado, 7 de novembro de 2015

A CRIATIVIDADE E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL...

                                                             Noites Antigas - by Rosan


A CRIATIVIDADE E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Em geral, a criatividade é considerada como uma aptidão de poucos indivíduos, relacionada a algumas poucas atividades e profissões e, via de regra, ligada à invenção, originalidade e inovação.

Será mesmo que somente alguns indivíduos têm o "dom" da criatividade?
Será que somente algumas profissões solicitam o potencial criativo ou será que a necessidade 
de "ser um pouco artista" não é uma eventualidade no exercício da maioria das profissões?

A criatividade vem sendo cada vez mais afirmada em toda atividade humana 
e reconhecida  - em graus diferentes - em todos os indivíduos.

A apropriação particular do papel profissional que cada indivíduo realiza e seu desempenho 
tendem a ser cada vez mais criativos.
Ao mesmo tempo em que um indivíduo desempenha um papel profissional,
 ele também o transforma, de forma que a criatividade e a espontaneidade garantem
 (ou deveriam garantir) ao individuo maior plenitude consigo mesmo, 
constante crescimento e interação com o meio.

Definir o processo criativo não é simples, pois envolve fatores complexos da natureza humana 
e da  natureza e origem da imaginação humana.

Moreno define criatividade e espontaneidade como a capacidade que permite ao homem 
transformar situações, dando respostas novas e adequadas  
a problemas novos ou antigos.
Ele também delimita como critério principal a condição de adequação, 
o que significa supor, de um lado, o comprometimento de resposta ao contexto da situação e, 
de outro, o contexto interno do indivíduo.
Isto, em contrapartida ao critério de novidade, excepcionalidade, genialidade ou inovação.

Se  a criação contém uma projeção ou uma participação da subjetividade, 
ao mesmo tempo também exige conhecimento do contexto a ser transformado.

Um dos instrumentos potenciais da criação é a memória, que está ligada à identidade 
e que permite ao homem integrar experiências de tempos e contextos diversos
 em novas vivências o que, inclusive, recompõe suas compreensões sobre aqueles contextos.
Pela capacidade de fazer analogias e associações, 
ele transforma a memória em algo vivo, capaz de atuar alimentando a criação.

A intuição  e a percepção  também são também integrantes do processo criativo.
A intuição é capaz de dar novas ordenações a uma situação global ou parcial 
apreendida pela percepção como "encontro com a realidade".
Porém, embora esse processo percepção-intuição seja uma dimensão importante, 
não constitui por si só o processo criativo em sua totalidade 
e não garante a adequação da resposta.

Portanto, é possível considerar que todo desempenho profissional pode - e deveria - ser criativo, 
seja pelo movimento social exigindo e colocando situações e problemas novos, 
seja pela busca de soluções novas a problemas antigos,
 ou ainda pela capacidade do indivíduo de interagir criativamente 
com o papel que lhe é atribuído.


Psicologia - by Rosan


Uma sociedade  que amplia as possibilidades criativas de todos os Fazeres
 que a vida coletiva envolve, 
torna-se também mais capaz e comprometida com a construção do futuro, 
pois tanto o processo que leva o profissional à criação, 
como a própria criação, 
modificam também o profissional.

Como já disse J.Hillman, não existem profissões medíocres...
Há, sim, formas medíocres de exercer as profissões...


Rosanna Pavesi/novembro 2015