terça-feira, 29 de dezembro de 2015

... E FORAM FELIZES PARA SEMPRE

Sem Título - by Rosan


CONTOS DE FADAS 
E
CONTOS DE FADAS PARA ADULTOS

Transmitidos de pais para filhos através dos séculos, os contos de fadas constituem verdadeiros tesouros da sabedoria humana, parábolas que narram a trajetória de vida do ser humano.

Nas histórias mais conhecidas, os protagonistas são crianças, como Chapeuzinho Vermelho, Pequeno Polegar, João e Maria - entre outros -  ou, quando muito, adolescentes, como Cinderela, Branca de Neve, Rapunzel. . 
Não é pois de estranhar que as interpretações destes contos de fada tenham enfatizado a psicologia da juventude e enfocado as tarefas próprias do crescimento.

Há atualmente belas re-leituras, tais como nos filmes "MALÉVOLA" (A Bela Adormecida) e "CAMINHOS DA FLORESTA" (combinação de vários contos de fada num só flme).

Porém a vida, é claro, não termina na juventude, nem em eterna felicidade.
Surge então a pergunta - o que acontece com o "foram felizes para sempre" 
quando o herói e a heroína têm seus filhos 
e quando cabelos brancos coroam o Príncipe e a Princesa?

O que acontece então?

Uma outra série de contos de fadas responde a algumas dessas perguntas.
Esses contos se referem a protagonistas que são claramente chamados de "velhos", 
podendo portanto ser chamados de "CONTOS DE VELHOS". 
Qualquer pessoa acima dos 40 ou 50 anos é "velha", 
posto que os contos de fadas nasceram há muito tempo, quando a vida era dura - e curta;
a expectativa de vida média na Europa medieval era inferior a 25 anos...
Nos contos de fada, portanto, o verbete "velho" 
corresponde, realmente, à meia-idade e além.  

Os contos de fadas que tratam de protagonistas "velhos"
revelam a psicologia da maturidade.
Os "contos de velhos" simbolizam as tarefas de desenvolvimento 
que as pessoas têm de realizar na segunda metade da vida, 
do mesmo modo que as histórias de jovens simbolizam as tarefas da primeira metade.

Os contos de velhos não falam em crescer fisicamente; 
pelo contrário, falam em envelhecer e, sobretudo em crescer -
psiquicamente falando.

Os contos de fadas não se proclamam verdadeiros e, mais que depressa, 
nos advertem desse fato, começando - caracteristicamente- om frases tais como 
"Nos tempos em que os desejos se realizavam...", ou 
"No tempo em que as roupas cresciam em árvores...".

Eles nos arrebatam claramente para um reino de fantasias, 
eles retratam o que pode ser, não simplesmente o que é, 
rompendo os vínculos da realidade prática e da convenção social
 e nisso reside - paradoxalmente, a força do gênero.

Contos de velhos são mais comuns em culturas orientais, 
como no Japão, nos países árabes, na Índia e na China.
Uma razão para isso consiste em  que esses povos sentem por seus anciãos 
mais respeito que a moderna sociedade ocidental, 
inserindo-os, com naturalidade, em grande número de contos populares.

Os contos de velhos entretêm uns e advertem outros,
 aliando inocência infantil e profunda apreciação psicológica,

Esta surpreendente combinação, constitui o compromisso central dos contos de velhos:
o retorno da inocência e da magia à segunda metade da vida,
  congregando o princípio e o fim 
e transfigurando o "e foram felizes para sempre".

(FONTE: ... E Foram Felizes para Sempre - Contos de Fadas para Adultos 
(In The Ever After - Fairy Tales for the Second Half of Life )  por Allan B.Chinen -
 Cultrix, São Paulo - 1993)



Sem Título - by Rosan


O livro me acompanha há muitos anos, desde os tempos de faculdade...
Na época, foi o titulo que me chamou a atenção...
Foi para a estante, entre os "livros a ler..."
E lá ficou durante muito tempo...

Hoje, de repente, não sei...
Talvez tenha chegado o momento..,
saiu da estante... 

De forma que:
É com ele que estou finalmente inaugurando a legenda 
 "Contações" neste blog...

Este post é introdutório ao tema.
No próximo, publicarei o primeiro contos de velhos que escolhi...


Rosanna Pavesi/dezembro 2015









domingo, 6 de dezembro de 2015

QUANTOS ANOS TENHO?

                                                      A árvore da Vida - by Rosan


QUANTOS ANOS TENHO?

"Tenho a idade em que as coisas são vistas com calma, 
mas com o interesse de seguir crescendo.

Tenho os anos em que os sonhos começam trocar carinhos
com os dedos 
e as ilusões se transformam em esperança.

Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama louca,
ansiosa para se consumir no fogo de uma paixão desejada.
E em outras, uma corrente de paz,
como um entardecer na praia.


Presentes do Mar - by Rosan

Quantos anos eu tenho?

Não preciso de números para marcar,
pois meus anseios alcançados,
as lágrimas que derramei no caminho,
ao ver meus sonhos destruídos...
Valem muito mais que isso.

Não importa se faço vinte, quarenta ou sessenta!
O que importa é a idade que eu sinto.

Tenho os anos de que preciso para viver 
livre e sem medos.
Para seguir sem medo pelo caminho,
pois levo comigo a experiência adquirida
e a força de meus anseios.

Quantos anos tenho?

Isso não importa a ninguém...
Tenho os anos necessários para perder o medo
e fazer o que quero e sinto".

(José Saramago)
(Fonte:  http://www.contioutra.com )

Gosto de pensar na vida em termos de ciclos, de estações...
Primavera, verão, outono, inverno...
e outra primavera, outro verão, outro outono, outro inverno...
e...
um tempo "redondo", não linear,
nem cronológico tão só...

E a "troca de estações" então...
Sentir-se em pleno verão quando o outono já chegou...
ou já na primavera quando ainda é inverno...

E os momentos fugazes de inverno no verão,
de primavera no outono...

E os momentos "eternos", fora do tempo 
e fora de tempo...

E...



O Fogo Sagrado -by Rosan



Rosanna Pavesi/dezembro 2015