Sem título - by Rosan
VIDA, MORTE, TRANSFORMAÇÃO...
A vida e a morte chegam ao mundo juntas:
os olhos e as órbitas que as contêm nascem no mesmo momento.
No momento em que nasço tenho idade suficiente para morrer.
À medida em que vivo estou morrendo.
Entra-se na morte continuamente, não apenas no momento da morte conforme definida
legal e medicamente.
Cada evento de minha vida contribui para minha morte
e construo minha morte à medida que prossigo, dia após dia.
A posição contrária também se segue, logicamente:
qualquer ação contrária à minha morte, qualquer ação que resista à morte,
fere a vida.
A vida e a morte se contêm mutuamente,
completam-se reciprocamente,
são compreensíveis apenas se colocadas uma em relação à outra.
Sem título -- by Rosan
ANÁLISE
MORTE E TRANSFORMAÇÃO...
Quando nos perguntamos porque toda análise defronta-se tão frequentemente
e em tal variedade com a experiência da morte, constatamos que, primeiramente,
a morte aparece a fim de dar lugar à transformação.
A flor murcha em volta de sua haste intumescida,
a cobra perde sua pele
e o adulta livra-se de suas maneiras infantis.
Sem título - by Rosan
A força criativa mata ao produzir o novo.
Cada perturbação e desordem chamada neurose pode ser vista
como uma luta de vida e morte na qual os contendores estão mascarados.
O que é chamado de morte pelo neurótico,
basicamente porque é escuro e desconhecido,
é uma nova vida tentando irromper na consciência;
o que ele chama de vida, pelo fato de ser familiar, nada mais é do que
um padrão moribundo que ele tenta manter vivo.
Sem título - by Rosan
A experiência da morte destrói a ordem antiga,
e, na medida em que a análise prossegue.
a análise significa morrer...
Talvez o medo de começar uma análise toca nesses terrores profundos
e o problema fundamental da resistência não pode ser encarado superficialmente.
Sem uma morte para o mundo da ordem antiga,
não há lugar para a renovação.
É ilusório esperar que o crescimento seja apenas um processo aditivo
que não exige nem sacrifício nem morte.
A alma favorece a experiência da morte
para introduzir a mudança...
(James Hillman - Suicídio e Alma - Vozes - 1993).
Nada tenho a acrescentar....
Rosanna Pavesi/Outubro 2018