terça-feira, 26 de novembro de 2013

SOBRE SONHOS...

Fonte: Google - autor desconhecido




SOBRE SONHOS...

Ao trabalhar com sonhos, sempre procuro manter presentes  alguns pontos que recolhi
ao longo do tempo...


        PERGUNTA SEMPRE EM ABERTO: 

           SOMOS NOS QUE SONHAMOS OU É O SONHO QUE NOS SONHA?

         PREMISSA BÁSICA:

       “UM SONHO É ALGO EM SI E POR SI MESMO...   
     É UM PRODUTO IMAGINAL.  É UMA IMAGEM...
 (Patricia Berry, Uma Abordagem ao Sonho  em 
Echo’s Subtle Body- Contribution to an Archetypal Psychology – Spring Publications, Dallas, 1982).

         COMO TRATAR UM SONHO:

 “FAR-SE-IA BEM  EM TRATAR CADA SONHO 
COMO SE FOSSE ALGO TOTALMENTE     DESCONHECIDO.
OLHE-O DE TODOS OS LADOS, TOME-O EM SUA MÃO, 
LEVE-O COM VOCÊ,  
DEIXE QUE SUA IMAGINAÇÃO BRINQUE COM ELE...”
(C.G. Jung – O.C. Vol. X – par.320)

         COMO PROCESSO:

“A INTERPRETAÇÃO,  OU MELHOR,  
A TRANSCODIFICAÇÃO DE UM SONHO, 
É UM PROCESSO DE “DIÁLISE” PSÍQUICA...

INESPERADA METÁFORA ORGÂNICA, ENTRANHADAMENTE CORPORAL, 
PARA O PROCESSO EM QUE A MATÉRIA DO SONHO 
SAI DAQUELE QUE A PRODUZIU, CIRCULA EM OUTRAS VEIAS, 
É COMO QUE RETRANSFUNDIDA NO ANALISTA 
PASSANDO PELO SEU CIRCUÍTO EMOCIONAL 
E DAÍ RETORNA OXIGENADA, TRANSFORMADA, ENRIQUECIDA 
AO SONHADOR...”
(Roberto Gambini em A Voz e o Tempo - Cotia, SP, Ateliê Editorial, 2008)

         ALQUIMICAMENTE:

“DREAMING THE DREAM ALONG: 
SPEAK TO THE DREAMS AND NOT OF THE DREAMS...
SPEAK TO DREAMS AS THE DREAMS THEMSELVES SPEAK, 
THAT IS DREAMINGLY, IMAGISTICALLY AND MATERIALLY…”
James Hillman in Alchemical Psychology - Uniform Edition – 5 – Spring Publications, 2010)

Tradução Livre: 
(SONHAR O SONHO...
 FALE COM OS SONHOS, AO INVÉS DE FALAR DE SONHOS...
FALE COM ELES USANDO A MESMA LINGUAGEM QUE ELES (OS SONHOS) USAM... 
OU SEJA, ONIRICAMENTE, IMAGINAL E IMAGISTICAMENTE, MATERIALMENTE...).


Dou muito valor aos sonhos e  respeito a vida onírica...
Levo a sério...
Em momentos de empasse, sempre me ajudaram...
Em momentos de "cegueira" sempre me alertaram, me sacudiram, me acordaram...

Rosanna Pavesi/Novembro 2013


domingo, 3 de novembro de 2013

SOBRE COMO TRATAR A TERRA: O CONVITE,,,

Terra em Camadas (by Rosan)


O CONVITE...

"... O campo ainda fumegava, mas o fogo estava extinto.
Com sua pá afiada como uma navalha, titio revirava restolhos e raízes enegrecidas aqui e ali,
expondo a terra assim ainda mais.
"O que vai semear aqui?" perguntei.
"Não vou semear nada" titio respondeu.
"Titio, por que vai deixar a terra nua e sem semear?"
"Para ser um convite", titio respondeu.
Os pinheiros e carvalhos não se dispõem a nascer nos campos 
e formar novos bosques 
se não deixarmos a terra sem semear.
"As sementes da vida nova não encontrarão nenhuma hospitalidade, nem motivo para pousar aqui, 
a menos que a deixemos árida, que a deixemos nua,
 para que uma floresta de sementes a considere hospitaleira".

"Pois a terra tem muita paciência...
Ela aceita a semente, a erva daninha, a árvore, a flor.
Aceita a chuva, o grão, o fogo. 
Permite a entrada e nos convida. 
Ela é o anfitrião perfeito", disse titio. 

E foi assim que, com o tempo, esse campo aberto por uma queimada - 
em pousio e à espera - 
atraiu para si exatamente os estranhos certos, 
exatamente as sementes certas.
No devido tempo, às árvores vieram e,com elas, 
os pássaros, as borboletas, um lar vivo...

À primeira luz da manhã, o campo, outrora vazio, agora floresta,
reluzia como um palácio no qual todas as formas absorviam luz 
e a devolviam multiplicada mil vezes...

Eu entendi... 
As sementes da terra, as criaturas da terra,
 as estrelas no firmamento e nós mesmos  
todos éramos convidados desse campo..."

Sobre o que não pode morrer nunca...

"... Titio faleceu, mas suas histórias perduram em cada campo vazio, 
em cada um e em qualquer um que assuma o papel de anfitrião, 
que espere, paciente, 
que a nova semente chegue e produza abundância.

Em cada campo em  pousio novas vidas estão esperando para renascer...
E o que é mais expantoso, essa nova vida virá, quer queiramos ou não.
Podemos arrancá-la a cada vez, 
mas ela enraizar-se-á e voltará a se fundar.

Novas sementes chegarão com o vento e não pararão de chegar, 
dando muitas oportunidades para mudanças de sentimentos, 
para a volta do sentimento, para a "cura" do coração e, afinal,
 para uma nova opção de vida...

E o que não pode morrer nunca?

É aquela força que já nasce dentro de nós,
que é maior do que nós,
que chama as novas sementes para os lugares áridos, maltratados, abertos,
para que possamos nos ressemear"...
(Notas: Clarissa Pinkola Estés, O Jardineiro Que Tinha Fé,, Rocco Editora, Rio de Janeiro, RJ, 1996).

Já fui campo em pousio, campo forçadamente em pousio, 
após uma queimada que ocorreu, simplesmente ocorreu, 
sem ser por mim promovida, nem desejada, nem convidada...
Meu campo ficou árido e abandonado por um bom tempo...
ou, assim me pareceu...
Até que, aos poucos, esse campo ainda  potencialmente fértil,
voltou a hospedar vida, voltou a dar um novo quinhão de beleza e exuberância...

Rosanna Pavesi/novembro 2013