sábado, 27 de abril de 2013

AS RESPOSTAS...

Cosmos (by Rosan)


UMA LENDA CONTA QUE...

Uma lenda conta que, depois de haver criado a raça humana,
os deuses entraram numa discussão a respeito de onde esconder
as respostas para as questões da vida,
para que os homens se vissem forçados a procurá-las...

- Podemos escondê-las no topo de uma montanha.
Eles nunca irão procurar lá- disse um deus.
- Não - disseram outros - Eles logo as encontrarão...

- Podemos ocultá-las no centro da Terra.
Eles nunca irão procurar lá...- sugeriu outro deus.
- Não - replicaram os outros -Eles logo as encontrarão...

Então outro deus disse: - Podemos escondê-las no fundo do mar.
Eles nunca irão procurar lá...
- Não - disseram os outros - Eles logo as encontrarão...

Todos se calaram...

Depois de algum tempo, outro deus sugeriu:
- Devemos colocar as respostas às questões da vida dentro dos homens.
Eles nunca irão procurar lá...

E assim fizeram...


Já procurou lá?

Rosanna/Abril 2013

sábado, 13 de abril de 2013

HÁ UM OLHAR...


O Espírito da Floresta (by Rosan)


HÁ UM OLHAR...

"Há um olhar que sabe discernir
o certo do errado
e o errado do certo.

Há um olhar que enxerga
quando a obediência significa desrespeito
e a desobediência representa respeito.

Há um olhar que reconhece os curtos caminhos longos
e os longos caminhos curtos.

Há um olhar que desnuda,
que não hesita em afirmar que existem
fidelidades perversas
e traições de grande lealdade.

Este olhar é o olhar da alma..."

(Nilton Bonder, A Alma Imoral - Traição e Tradição através dos Tempos, Rocco, Rio de Janeiro, RJ, 1998)

Este olhar, por vezes impiedoso e cortante,
que nos obriga a sermos fieis à nossa essência mais profunda....

Este olhar que, nas encruzilhadas,
 atraidos e tentados a pegar atalhos,
a pegar os curtos caminhos fadados a se tornar longos,
com a pressa como má conselheira,
nos encara impiedosamente lembrando-nos que,
sim,
podemos escolher  um curto caminho longo
mas que teremos que arcar com as consequências...

Este olhar que não cobra nada...
Este olhar que somente aponta...

Este olhar que sabe discernir
Mesmo quando nos mesmos já não sabemos mais...

Este olhar existe...


Rosanna Pavesi/Abril 2013
  

domingo, 7 de abril de 2013

NADA EM EXCESSO...


Involvente (by Rosan)


NADA EM EXCESSO...

Lendo o livro de Eduardo Giannetti, Auto Engano, um pequeno trecho chamou minha atenção pois, confesso, pela primeira vez me deparei com uma questão sobre a qual nunca havia refletido antes, pelo menos não a partir da perspectiva que Eduardo Giannetti adota...

A QUESTÃO DO AUTOCONHECIMENTO...

Eis o que ele escreve:

"... NADA EM EXCESSO:

A ameaça da hýbris (arrogância) seguida de némesis (ira dos deuses, punição) também ronda o
"conheça-se a si mesmo".

O sobreviver, o procriar e o criar humanos têm exigências que ultrapassam
o domínio do biológico e a nossa capacidade de compreensão.

A alegria espontânea de viver e a atividade criativa dependem de uma disposição à entrega que a racionalidade apolínea, fonte da ética e do conhecimento objetivo, solapa e não sacia.

O animal humano cobra sentido no existir:
pessoal, coletivo e cósmico.
Ao estabelecer limites para o preceito délfico do autoconhecimento,
 o princípio da moderação se autolimita.
Sem exagero, é claro..."

O autoconhecimento também se esgota e se limita...
Há o mistério, o mistério da vida, que vai além de nossa compreensão...
O mistério não é para ser desvendado, des-velado, dessecado,
mas sim, respeitado...

Acostumada a valorizar o autoconhecimento como fonte de expansão da personalidade,
 nunca antes tinha parado para olhar para esta questão a partir de outro locus, de outra perspectiva...

Excesso de autoconhecimento também pode ser visto como arrogância,
a arrogância de acreditar que podemos vir a conhecer e compreender aquilo que transcende,
que vai além do humano...
Lembrei, a tempo, da  existência do "anel da consciência humana",
ou seja aquilo que limita nosso campo de conhecimento como humanos...

Talvéz estivesse passando, sem me dar conta, por um momento de
excesso de confiança, de arrogância, 
aquele momento em que, às vezes, acreditamos finalmente "ter desvendado algo por inteiro"... ?

Não sei, mas o livro "caiu no meu colo"
e eu costumo dar valor e respeitar  estas coincidências significativas...
Elas sempre trazem uma mensagem, um recado, 
 sempre têm um telos, uma finalidade...
Aprendi minha lição e agradeço o alerta...

Então, nada em excesso...
Nem excesso do vangloriado e hiper-valorizado
 autoconhecimento...

Rosanna Pavesi/Abril 2013


(NOTAS: Eduardo Giannetti, Auto Engano, Companhia das Letras, São Paulo, SP, 12a ed., 1997 - p.69)