sexta-feira, 13 de junho de 2014

SOBRE O NUMINOSO...

Sem Título (by Rosan)


SOBRE O NUMINOSO...

Em 1937, Jung escreveu sobre o numinoso como:

"(...) Uma instância ou efeito dinâmico não causados por um  ato arbitrário da vontade. 
Pelo contrário, ele arrebata e controla o sujeito humano, que é sempre antes
sua vítima do que seu criador.

O numinoso, indiferentemente quanto a que causa possa ter -
é uma experiência do sujeito (grifo nosso) independente de sua vontade...
O numinoso é tanto uma qualidade pertinente a um objeto visível
como a influência de uma presença invisível  que causa uma peculiar atenção da consciência".
(C.G. Jung - OC - Volume XI - par.6 - Vozes)


Desafia explicações, porém parece conter uma mensagem individual que,
embora misteriosa e enigmática, também é profundamente impressionante.

Jung percebia que a crença, consciente ou inconsciente, para confiar em um poder transcendente,
era uma condição prévia para a experiência do numinoso.

O numinoso não pode ser "conquistado" ...
O indivíduo pode somente abrir-se para ele... ou não...


É um confronto com uma força que encerra um significado ainda não revelado...
Jung via o confronto com o numinoso como uma característica de toda experiência "religiosa".

O numinoso, como todo fenômeno possui dois aspectos: (a) o aspecto luminoso
que arrebata, inspira, motiva... e  (b) o aspecto tenebroso, sombrio,
que possui o indivíduo, podendo torná-lo obsessivo e arrogante.
Tanto num caso, como no outro, pode nos desapropriar de nossa vida humana...
e, paradoxalmente falando, ele é ao mesmo tempo um anjo seráfico e um demônio,

in-humano...

É sempre um confronto subjetivo, portanto extremamente íntimo e pessoal pois,
como já disse Hillman, o íntimo e pessoal não é nossa história de vida,
mas sim como lidamos com nossos anjos e demônios...
Uma experiência religiosa, no sentido que nos reconecta com o mundo arquetípico,
uma revelação e, às vezes, uma iniciação...

A meu ver não é para os "eleitos", mas sim para os "necessitados"...

Seja lá qual for o motivo...

Quando isto ocorre, guarda-se o mistério no fundo do coração,
com muita humildade e nenhuma hybris...

Rosanna Pavesi/junho 2014



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