Sem Título (by Rosan)
SOBRE O NUMINOSO...
Em 1937, Jung escreveu sobre o numinoso como:
"(...) Uma instância ou efeito dinâmico não causados por um ato arbitrário da vontade.
Pelo contrário, ele arrebata e controla o sujeito humano, que é sempre antes
sua vítima do que seu criador.
O numinoso, indiferentemente quanto a que causa possa ter -
é uma experiência do sujeito (grifo nosso) independente de sua vontade...
O numinoso é tanto uma qualidade pertinente a um objeto visível
como a influência de uma presença invisível que causa uma peculiar atenção da consciência".
(C.G. Jung - OC - Volume XI - par.6 - Vozes)
Desafia explicações, porém parece conter uma mensagem individual que,
embora misteriosa e enigmática, também é profundamente impressionante.
Jung percebia que a crença, consciente ou inconsciente, para confiar em um poder transcendente,
era uma condição prévia para a experiência do numinoso.
O numinoso não pode ser "conquistado" ... O indivíduo pode somente abrir-se para ele... ou não...
É um confronto com uma força que encerra um significado ainda não revelado...
Jung via o confronto com o numinoso como uma característica de toda experiência "religiosa".
O numinoso, como todo fenômeno possui dois aspectos: (a) o aspecto luminoso
que arrebata, inspira, motiva... e (b) o aspecto tenebroso, sombrio, que possui o indivíduo, podendo torná-lo obsessivo e arrogante. Tanto num caso, como no outro, pode nos desapropriar de nossa vida humana... e, paradoxalmente falando, ele é ao mesmo tempo um anjo seráfico e um demônio,
in-humano...
É sempre um confronto subjetivo, portanto extremamente íntimo e pessoal pois, como já disse Hillman, o íntimo e pessoal não é nossa história de vida, mas sim como lidamos com nossos anjos e demônios... Uma experiência religiosa, no sentido que nos reconecta com o mundo arquetípico, uma revelação e, às vezes, uma iniciação...
A meu ver não é para os "eleitos", mas sim para os "necessitados"...
Seja lá qual for o motivo...
Quando isto ocorre, guarda-se o mistério no fundo do coração, com muita humildade e nenhuma hybris...
Rosanna Pavesi/junho 2014
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário