Yellow Moonbird by Miró
CURTINDO UMA FOSSA...
Expressão antiga, caída em desuso... Hoje ninguém mais tem uma fossa, muito menos a curte...
Hoje, de cara, não estou triste ou acabrunhado, hoje ninguém mais é "blue", ou tem "the blues", ou vivencia um "feeling blue"... Não... Hoje, de cara estamos deprimidos... E logo buscamos um remédio que apague isto... Não fica bem...
Arrumando papeis antigos, dei de cara com um "poema", também antigo - dos anos '90 - época em que a fossa era curtida e evitava - talvez - outros estados mais densos e "negros"...
Compartilho...
Curtindo uma fossa...
Estou na fossa Curtindo tudo que tenho direito Inclusive um Piazzola... Me sinto sozinha, abandonada Feia e sem rumo...
Entrei na fossa: Pele opaca, olhos sem vida, cabelos sem viço E o sorriso que custa a chegar Os ombros pesados...
Não pinto, não leio, não faço Só curto minha fossa!
Muitos cigarros, poucas palavras Muito Piazzola...
Passividade total Falta de ação, de vontade, de tesão Nada interessa, nada prende a atenção...
Há somente esta fossa: Escuridão total, inércia, apatia Águas paradas, estagnadas Insônia, angustia, cigarros Não enxergo saída. Estou curtindo uma fossa ao som de Piazzola... (Rosan - Maio 1990)
A fossa passou... e aqui estou... Tantos anos depois optei por compartilhar como uma forma de legitimar este estado de alma, entre tantos outros...
Uma fossa podia ser "curtida"... Uma depresssão não...
Rosanna Pavesi/Agosto 2014
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