quinta-feira, 4 de junho de 2015

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ALQUIMIA...


                                                                            Fonte: WEB



ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ALQUIMIA...


No final de Mysterium Coniunctionis (CW 14 – par. 792) Jung escreve:

“...todo o procedimento alquímico... pode muito bem representar o processo de individuação num indivíduo particular, embora com a diferença não desprovida de importância de que nenhum indivíduo particular abarca a riqueza e o alcance do simbolismo alquímico. 

Este tem a seu favor o fato de ter sido construído ao longo dos séculos...
A alquimia, por conseguinte, realizou para mim o grande e inestimável serviço 
de fornecer o material em que minha experiência pudesse encontrar espaço suficiente, 
o que me possibilitou descrever o processo de individuação ao menos 
em seus aspectos essenciais...”.


OPUS


Fonte: WEB



A imagem central da alquimia é a imagem de opus, a obra...
O alquimista via-se como alguém comprometido com um trabalho sagrado: 
a busca de um  valor supremo e essencial.

Diz um texto: 

“Todos os que buscamos seguir essa Arte não podemos atingir resultados úteis 
senão com uma alma paciente, laboriosa e solícita, 
com uma coragem perseverante e com uma dedicação contínua” 
(Waite, trad. Turba Philosophorum, p.127,dictum 39).


A paciência é fundamental. 
Coragem como disposição para enfrentar a ansiedade. 
Dedicação contínua como disponibilidade para perseverar, 
a despeito de todas as modificações de humor e de estado mental, 
no esforço de pesquisar e compreender aquilo que está ocorrendo.

Uma característica proeminente da Obra é o fato de ser considerada 
um trabalho sagrado que requer uma atitude “religiosa”; 
ou seja, há a necessidade de uma cuidadosa consciência 
do nível transpessoal da psique. 
A orientação é para algo maior, e não para o ego.

Outro aspecto da Obra é o fato dela ser um trabalho amplamente individual 
podendo vir a gerar – pelo menos por algum tempo – 
um inevitável afastamento temporário do mundo.

Também possui um caráter “secreto”.
 Como todos os “Mistérios”, o segredo alquímico tinha sua divulgação vedada 
posto não ser comunicável àqueles que ainda não 
o tenham experimentado por si mesmos. 
Se não forem percebidas como um segredo e como sagrado, 
as energias transpessoais poderão vir a ser canalizadas 
para fins pessoais e apresentarão efeitos destrutivos. 
(inflação, os “eleitos”, entre outros...).

Na linguagem dos alquimistas, a matéria sofre até a nigredo desaparecer, 
quando a aurora será anunciada pela cauda pavonis (cauda do pavão) 
e um “novo dia” nascerá, a leukosis, ou albedo.

Mas nesse estado de “brancura” não se vive, na verdadeira acepção da palavra; 
é uma espécie de estado ideal, abstrato. 
Para insuflar-lhe vida, deve ter “sangue”, deve possuir aquilo que 
os alquimistas denominavam de rubedo, a “vermelhidão” da vida. 
Só a experiência total da vida pode transformar esse estado ideal de albedo 
num modo de existência plenamente humano. 
Só o sangue pode reanimar o glorioso estado de consciência em que 
o derradeiro vestígio de negrume é dissolvido.

Segundo o acima, a opus alquímica tem três estágios: 
nigredo, albedo, rubedo. 
A passagem do nigredo para o albedo é anunciada pela cauda pavonis,
assim como a passagem do albedo para o rubedo é prenunciada 
pelos citrinitas (amarelecimento da obra).


A PRIMA MATERIA


By J. Miró - Fonte: WEB


O termo prima matéria tem uma longa história, 
que remonta aos filósofos pré-socráticos. 
Esses antigos pensadores acreditavam na ideia de um a priori
uma imagem arquetípica de que o mundo é gerado de uma matéria única original,
 a chamada primeira matéria.

Essa ideia de uma substância única original não tem fonte empírica. 
Porém, em termos de “fantasia filosófica”, imaginava-se na época 
que a primeira matéria passara por um processo de diferenciação
 por meio do qual fora decomposta nos 4 elementos: terra, ar, fogo, água.

Psicologicamente falando, poderíamos dizer que a prima matéria corresponde 
a um estado primordial de indiferenciação, 
onde todos os elementos encontram-se misturados,
indiferenciados, um estado pantanoso...

Com frequência, os textos fazem referência a encontrar – e não a produzir –
 a prima matéria:

“Essa Matéria está diante dos olhos de todos... 
Ela é gloriosa e vil, preciosa e insignificante, e é encontrada em toda parte...” 
(Waite, trad. The Hermetic Museum – 1:13).

Apesar de seu grande valor interior, a prima matéria 
tem uma aparência exterior desagradável, razão pela qual é desprezada, 
rejeitada e atirada ao lixo. 
Psicologicamente, isso significa que a prima matéria está na sombra, 
naquela parte da personalidade que em geral procuramos ocultar. 
Os aspectos mais humilhantes e dolorosos de nós mesmos 
                        são os aspectos a serem trazidos à luz e trabalhados.                              

Nos sonhos, pode aparecer como lixo, bosta, fezes, lodo lamacento e fedorento...

No próximo post, faremos algumas considerações sobre 
as principais operações alquímicas.


Rosanna Pavesi/Junho 2015

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