Fonte: WEB
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
SOBRE ALQUIMIA...
No final de Mysterium
Coniunctionis (CW 14 – par. 792) Jung escreve:
“...todo o procedimento
alquímico... pode muito bem representar o processo de individuação num
indivíduo particular, embora com a diferença não desprovida de importância de
que nenhum indivíduo particular abarca a riqueza e o alcance do simbolismo
alquímico.
Este tem a seu favor o fato de ter sido construído ao longo dos
séculos...
A alquimia, por conseguinte, realizou para mim o grande e inestimável
serviço
de fornecer o material em que minha experiência pudesse encontrar
espaço suficiente,
o que me possibilitou descrever o processo de individuação
ao menos
em seus aspectos essenciais...”.
OPUS
Fonte: WEB
A imagem central da
alquimia é a imagem de opus, a obra...
O alquimista via-se como alguém
comprometido com um trabalho sagrado:
a busca de um valor supremo e essencial.
Diz um texto:
“Todos
os que buscamos seguir essa Arte não podemos atingir resultados úteis
senão com
uma alma paciente, laboriosa e solícita,
com uma coragem perseverante e com uma
dedicação contínua”
(Waite,
trad. Turba Philosophorum, p.127,dictum 39).
A paciência é fundamental.
Coragem como disposição para enfrentar a ansiedade.
Dedicação contínua
como disponibilidade para perseverar,
a despeito de todas as modificações de
humor e de estado mental,
no esforço de pesquisar e compreender aquilo que está
ocorrendo.
Uma característica
proeminente da Obra é o fato de ser considerada
um trabalho sagrado que
requer uma atitude “religiosa”;
ou seja, há a necessidade de uma cuidadosa
consciência
do nível transpessoal da psique.
A orientação é para algo maior, e
não para o ego.
Outro aspecto da Obra
é o fato dela ser um trabalho amplamente individual
podendo vir a gerar –
pelo menos por algum tempo –
um inevitável afastamento temporário do mundo.
Também possui um caráter
“secreto”.
Como todos os “Mistérios”, o segredo alquímico tinha sua divulgação
vedada
posto não ser comunicável àqueles que ainda não
o tenham experimentado
por si mesmos.
Se não forem percebidas como um segredo e como sagrado,
as energias
transpessoais poderão vir a ser
canalizadas
para fins pessoais e apresentarão efeitos destrutivos.
(inflação, os
“eleitos”, entre outros...).
Na linguagem dos
alquimistas, a matéria sofre até a nigredo desaparecer,
quando a aurora
será anunciada pela cauda pavonis (cauda do pavão)
e um “novo dia”
nascerá, a leukosis, ou albedo.
Mas nesse estado de
“brancura” não se vive, na verdadeira acepção da palavra;
é uma espécie
de estado ideal, abstrato.
Para insuflar-lhe vida, deve ter “sangue”, deve
possuir aquilo que
os alquimistas denominavam de rubedo, a “vermelhidão”
da vida.
Só a experiência total da vida pode transformar esse estado ideal de albedo
num modo de existência plenamente humano.
Só o sangue pode reanimar o
glorioso estado de consciência em que
o derradeiro vestígio de negrume é
dissolvido.
Segundo o acima, a opus
alquímica tem três estágios:
nigredo, albedo, rubedo.
A passagem do nigredo
para o albedo é anunciada pela cauda pavonis,
assim como a
passagem do albedo para o rubedo é prenunciada
pelos citrinitas
(amarelecimento da obra).
A PRIMA MATERIA
By J. Miró - Fonte: WEB
O termo prima matéria
tem uma longa história,
que remonta aos filósofos pré-socráticos.
Esses
antigos pensadores acreditavam na ideia de um a priori,
uma imagem
arquetípica de que o mundo é gerado de uma matéria única original,
a chamada primeira
matéria.
Essa ideia de uma
substância única original não tem fonte empírica.
Porém, em termos de
“fantasia filosófica”, imaginava-se na época
que a primeira matéria passara por
um processo de diferenciação
por meio do qual fora decomposta nos 4 elementos:
terra, ar, fogo, água.
Psicologicamente
falando, poderíamos dizer que a prima matéria corresponde
a um estado
primordial de indiferenciação,
onde todos os elementos encontram-se
misturados,
indiferenciados, um estado pantanoso...
Com frequência, os
textos fazem referência a encontrar – e não a produzir –
a prima
matéria:
“Essa Matéria está
diante dos olhos de todos...
Ela é gloriosa e vil, preciosa e insignificante, e
é encontrada em toda parte...”
(Waite, trad. The Hermetic Museum – 1:13).
Apesar de seu grande
valor interior, a prima matéria
tem uma aparência exterior desagradável,
razão pela qual é desprezada,
rejeitada e atirada ao lixo.
Psicologicamente,
isso significa que a prima matéria está na sombra,
naquela parte da personalidade
que em geral procuramos ocultar.
Os aspectos mais humilhantes e dolorosos de nós mesmos
são os aspectos a serem trazidos à luz e trabalhados.
Nos sonhos, pode aparecer como lixo,
bosta, fezes, lodo lamacento e fedorento...
No próximo post, faremos algumas considerações sobre
as principais operações alquímicas.
Rosanna Pavesi/Junho 2015
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