domingo, 29 de maio de 2016

LUIGI ZOJA: A HISTÓRIA DA ARROGÂNCIA...

                                                                   Sem título - by Rosan 



HISTÓRIA DA ARROGÂNCIA...


"(...) Após completar um longo périplo para analisar e compreender 
as consequências desencadeadas pela perda do limite,
Zoja salta para o presente e focaliza o modo pelo qual um dos mais respeitados ícones 
da cultura científico-tecnológica - o M.I.T.  - (Massachusetts  Institute of Technology), 
estuda o problema da crise global 
sem levar em conta  a dimensão psicológica, como tampouco a mítica.

Portanto, os relatórios mais competentes sobre a situação mundial
(esgotamento dos recursos naturais, pauperização crescente, aumento da violência,
crise econômica, entre outros), 
deixam de captar a presença de uma emoção que atravessa as almas,
gerando nos seres humanos de todos os quadrantes
uma culpa anônima por pertencerem a uma civilização embriagada
pela mesma velha hybris de outrora.


O Fogo - by Rosan


O novo conhecimento perdeu portanto o aglutinante psicológico;
a simples exposição de fatos terríveis e alarmantes
NÃO encontra ressonância em nós e não orienta um sentimento ancorado no inconsciente.
Nossa ciência não produz sabedoria, mas informações...

(...) Na psicologia dos males modernos,
as entidades míticas não descem dos céus, 
mas sobem dos infernos, onde habita o reprimido...

(...) Hoje paira sobre a sociedade humana uma densa sombra,
também presente em cada um de nós.
A política não consegue apreendê-la, e persiste no velho mecanismo
de projetá-la sobre outrem.


Dark Night - by Rosan


A grande tarefa da reflexão contemporânea consiste em conseguir,
nas palavras de Zoja,
"ver o próprio homem como máquina cultural enlouquecida 
que está promovendo a metástase de uma cultura que há tempos 
perdeu todo equilíbrio".

Já é tempo de se reconhecer que os problemas externos 
se traduzem num plano psicológico e interior.
À separação entre psicologia e política, deve-se responder
com uma psicologia política: 
o refreamento do perigoso crescimento global cria desânimo e depressão -
sinais de confronto com a culpa -
mas só essa introversão pode transformar o obstáculo externo
em recurso psicológico,
fornecendo formas de renúncia espontânea  à expansão e crescimento
a qualquer custo.

Só então estaremos diante de interrogações verdadeiramente psicológicas -
o que nos traz de volta aos gregos...


sem título - by Rosan


À beira da vertigem, como ele mesmo confessa, 
Zoja encerra seu discurso.
Mas ainda lhe resta fôlego para lembrar que o homem moderno 
encontra-se diante do mesmo terror do homem antigo diante dos deuses implacáveis:
um homem sem metafísica diante do terror metafísico...

Buscando uma felicidade impossível, só encontra desalento e vazio
tanto no ambiente exterior como em sua própria alma.

E essa angustia de existir,
nossa gloriosa racionalidade não é capaz de resolver..."

(Roberto Gambini  - PREFÁCIO - em  A História  da Arrogância  -  Psicologia e Limites do Desenvolvimento Humano - Luigi Zoja - Axis Mundi - 2000)




Planeta Terra - WEB


Escrito em 1993, publicado no Brasil em 2000,...
Traz em sua capa o grifo de Nêmesis, com a roda do destino, 
pairando sobre megalópolis moderna...

O triunfo das coisas sobre o homem?
Misoneísmo, ou seja a rejeição do novo?
Qual o paradigma do desenvolvimento humano no século XXI?

A exploração do nosso planeta provoca debates cada vez mais frequentes
sobre os limites do desenvolvimento humano.

Devemos enfrentar os excessos de nossa civilização
sem levar em conta seu aspecto psicológico?

Para que queremos um crescimento infinito?
Os antigos gregos, que moldaram a base da mentalidade ocidental,
viviam aterrorizados pela fome de infinito que se ocultava dentro do ser humano.

A essa fome davam o nome de HYBRIS (arrogância), o único verdadeiro pecado 
no seu código moral: 
os deuses eram invejosos e puniam com NÉMESIS (justiça) 
TODO AQUELE QUE DESEJAVA DEMAIS...

Hoje, em 2016, conceitos como
  simplicidade voluntária, sustentabilidade, reciclagem - entre outros - 
são nossos conhecidos...
MAS, até que ponto temos de fato evoluído em termos de ecologia profunda,
não mais antropocêntrica?


Rosanna Pavesi/Maio 2016





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