domingo, 9 de outubro de 2011

Vinte e Seis Pérolas e Outras Fantasias


Flor de Cerejeira - Rosan

 " Vinte e Seis Pérolas e Outras Fantasias"

"representa nova contribuição de  L.F. Barros às mesmas causas que vem defendendo há anos: o combate ao estigma que cerca os portadores de transtornos mentais e a demonstração do valor terapêutico da escrita.

Característica das mais marcantes do processo de estigmatização, e das mais perversas, é a redução a um único aspecto  - aquele que se desvia da normalidade - da percepção que temos da pessoa diferente, momento em que perdemos a condição de compreendê-la em sua complexidade e plenitude.

"Louco", "doente mental", "portador de transtorno mental"(e outros rótulos mais), se não estivermos atentos, são categorias que podem estar a serviço de nos afastar do entendimento das pessoas que mais conhecem o sofrimento psiquíco, ao invés de nos auxiliar a compreendê-las.

Neste livro, o autor reafirma sua condição de escritor de forma independente de sua produção de caráter memorialista em relação à loucura.

Criatividade e "loucura" são amiúde relacionadas - em geral de maneira equivocada. A loucura é o caos e dela nada mais advém do que, eventualmente, a inspiração de uma obra.
A transpiração que produz a obra, o ato criativo, representa justamente o esforço de organização do caos... Este é o valor terapêutico que a escrita proporciona... (Fonte: orelhas do próprio livro)



A Chuva - Rosan

"FLOREZINHAS BRANCAS"

" A vida me é amiga e generosa. Presenteia-me a cada dia com nova esperança. E se a cada noite me manda o frio e a névoa é para que eu saiba apreciar o novo amanhecer.

...Moro num espinheiro cerrado, com parcas passagens seguras...Este labirinto de espinhos onde se esconde minha alma mantém florezinhas brancas perenes e de sauve odor. É este aroma que a brisa da tarde espraia aos campos atraindo peregrinos desgarrados.

Crêem estes seres errantes poderem em minha morada aprender como viver entre espinhos sem se ferir, como descer despenhadeiros no escuro sem despencar, como andar no pântano sem se afogar, como viver nas trevas sem se obscurecer.
Estas almas todas comigo se iludem.
...O que não entendem os peregrinos, e por isto é que se mantêm sempre errantes à busca de não sabem direito o quê, é que os mistérios que as trevas desvendam para cada um só servem para ele mesmo..."

(L.F. Barros - Vinte e Seis Pérolas e Outras Fantasias - pp.21-25 ( Rio de Janeiro - RJ - Editora Imago, 1998)

Do mesmo Autor:
Memórias do Delírio - Confissões de um Esquizofrênico - Anjo Carteiro - A Correspondência da Psicose.





"AQUELES QUE SOFREM CONTINUARÃO MEU TRABALHO..."
(C.G. Jung - em algum lugar de sua obra...)


 Em comemoração ao Dia Mundial da Saúde Mental (10 de Outubro) 

Rosanna Pavesi

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