Sem título (by Rosan) O QUE É CONHECER? |
Não importa o que seja: pergunte a si mesmo se você conhece algo
e logo você terá razões para começar a duvidar...
A primeira coisa a fazer é indagar:
o que é conhecer?
Isto vai depender de nosso grau de exigência...
Por exemplo: se você passar uma tarde visitando uma cidade,
poderá voltar para casa e dizer que a conhece...
Se você passar diversos meses nessa mesma cidade,
ela poderá revelar-lhe ângulos e facetas até então desconhecidos...
Mas, se você passar alguns anos na tal de cidade, estudando seu passado,
pesquisando a evolução de seus prédios e de seu traçado,
buscando entender o significado histórico-cultural do que se passou nela,
você poderá ficar surpreso com a vastidão do que ainda falta saber...
Com o avanço do conhecimento, alarga-se o desconhecido...
Com o saber, cresce a dúvida...
Podemos então dizer que nenhum saber é final.
Qualquer que seja o objeto do conhecimento
- uma floresta ou uma indústria, um texto clássico ou um neurotransmissor -
sempre será possível conhecer mais...
Cada novo conhecimento gerado pode vir a alterar radicalemte
o nosso entendimento acerca do saber preexistente e do seu valor de verdade.
O conhecer modifica o conhecido...
Certeza absoluta, portanto, não há.
Afirmá-la seria negar que o desconhecido seja - de fato - desconhecido...
Para quem busca o conhecimento, portanto, e não o ópio das crenças enraizadas no acreditar,
surpresas e anomalias são achados valiosos.
A mente aberta ao conhecimento trabalha como um radar alerta,
captando tanto o conhecido como o anômalo, o diferente, o fora do padrão...
(Notas: E.Giannetti, Auto-Engano, Cia das Letras, 1997)
Sob a ética do senso comum, conhecer tem a ver com familiaridade.
O conhecido, diz a linguagem comum, é o familiar...
Por oposição o desconhecido é o estranho...
Vale lembrar que a familiaridade é cega...
Ela é não só falha como critério de conhecimento,
como ela é inimiga do esforço de conheccer...
A sensação subjetiva de conhecimento associada à familiaridade pode ser ilusória
e inibidora da curiosidade interrogante de onde brota o saber.
Aquilo o que estamos acostumados, revela-se com frequência
o mais difícil de conhecer vedadeiramente...
Aha, já sei... ou Será que ja sei?
Rosanna Pavesi/julho 2013
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