domingo, 23 de novembro de 2014

UMA ABORDAGEM AO SONHO...


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UMA ABORDAGEM AO SONHO – POR PATRICIA BERRY.

A Editora Vozes acaba de lançar o livro “O Corpo Sutil de Eco – 
Contribuições para uma Psicologia Arquetípica” por Patricia Berry.

(Original:  ”Eco´s Subtle Body–Contributions to an Archetypal Psychology”, 
Spring Publications, Second revised and expanded edition, 2008).

Não tenho ainda a edição em Português, somente em inglês, 
na segunda edição ampliada e revisada de 2008. 

É um livro que, a meu ver, merece ser conferido...
Relato, a seguir, um breve resumo de uma parte do texto dedicado a sonhos...



IV - UMA ABORDAGEM AO SONHO...

(...) Cada analista possui, inevitavelmente, seu próprio estilo, 
sendo que sua abordagem a um sonho também inevitavelmente refletirá seu estilo... 
Berry identifica 07 estilos de analistas...

Pessoalmente, não me identifiquei com nenhum deles, 
de forma que eu vou acrescentar um oitavo estilo, o terapeuta maiêuta 
(do grego, maiêuta = parteira), aquele que assiste alguém a dar à luz, 
que auxilia o outro no parto de um novo conteúdo, de algo novo, de si mesmo, 
que é o estilo com o qual me identifico.

A finalidade de Berry é oferecer um instrumento para apanharmos 
mais precisamente nossas ideias subjacentes presentes quando olhamos para um sonho 
e criar uma autoconsciência interpretativa sobre o que estamos colocando em prática 
e como colocamos em prática nossa teoria, cientes de nossos “pontos cegos” e limites
 (interpretar nossas próprias interpretações...) sem nunca perdermos nossa sensibilidade.


        Premissa básica:

Um sonho é algo em si e por si mesmo.
 É um produto imaginal. É uma imagem.

       Idealmente:

Descobrir o que a imagem quer e daí determinar nossa terapia.


O QUE QUEREMOS DIZER POR IMAGEM?  
(Desmontagem e Análise da Imagem)

I – IMAGEM

·       Passar do modo perceptivo (natural) ao modo imaginativo

·       Atentar para as seguintes características da imagem:
Sensualidade
qualidades sensoriais da imagem
Textura
seguir e sentir sua tecedura
 Emoção 
o tom, a qualidade da emoção
Simultaneidade
tudo é dado de uma vez só
Intra-Relações 
todos os elementos do sonho estão de alguma maneira conectados
Valor 
algumas imagens são mais potentes, mais atraentes que outras
Estrutura
relações estruturais; as imagens de certa forma dependem umas  
das  outras para seu significado



II – IMPLICAÇÃO

·       Atentar para:

Narrativa 
estrutura dramática, cenário, desenvolvimento, peripetéia, lysis
Amplificação 
semelhanças pela essência
 Elaboração 
a elaboração do sonhador conta-nos mais sobre o sonhador 
  do que sobre o sonho – é ego-sintônica;
 cuidado para não perder as sutilezas de uma figura onírica em si
Repetição 
semelhanças de todo e qualquer tipo que mostram 
um tema dentro do sonho
Reafirmação
re-contar, deixar que o sonho soe novamente, 
enfatizar a qualidade metafórica, as nuances

III – SUPOSIÇÃO

·       Atentar para:

Causalidade
o sonho como imagem NÃO faz nenhuma afirmação causal.
Os eventos são conectivos sem serem causais, 
como na pintura ou na escultura
Avaliação
no nível da imagem, qualquer afirmação positiva/negativa, 
juízo de valor, avaliação NÃO se aplica, 
pois a imagem simplesmente  é.
Generalização 
um sonho é uma afirmação específica de uma constelação particular, 
de forma que qualquer tentativa de generalização  é uma mera suposição.
Especificação 
ao invés de ampliar o contexto do sonho,
 a especificação refere-se a seu estreitamento para uma aplicação específica (...)


Baseado nas sugestões da própria autora, eu me permito acrescentar:

NÃO: 
explorar a imagem em função daquilo que assumimos 
serem nossos objetivos terapêuticos.

SIM: 
respeitar o imaginal...

FALAR COM OS SONHOS, EM SUA PRÓPRIA LINGUAGEM, 
ONIRICAMENTE...
(ao invés de “falar de sonhos”...)


Rosanna Pavesi/Novembro 2014                  

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