segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

UM POUCO DE SILÊNCIO...

Sem título - Fonte: WEB


UM POUCO DE SILÊNCIO...

" Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, 
gostar de sossego é uma excentricidade.

Sob a pressão de ter quer parecer, ter de participar, ter de adquirir,
ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações.
Muitas desnecessárias, outras impossíveis, 
algumas que não combinam conosco nem nos interessam.

Não há perdão nem anistia para os que ficam de fora da ciranda:
os que não se submetem mas questionam,
os que pagam o preço de sua relativa autonomia,
os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.


Fonte: WEB


O normal é ser atualizado, produtivo e bem-informado.
É indispensável circular, estar enturmado.
Quem não corre com a manada praticamente não existe,
se não se cuidar botam numa jaula: animal estranho.

Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia,
disparamos sem rumo - ou em trilhas determinadas -
feito hâmsteres  que se alimentam de sua própria agitação.

Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença.
Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo,
ameaça quem leva um susto cada vez que examina sua alma.



Fonte WEB


^(...) O silêncio nos assusta, talvez por retumbar no vazio dentro de nós.
Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas
pelas quais nos espiam coisas incômodas e/ou mal resolvidas,
ou se enxerga outro ângulo de nós mesmos.
Nos damos conta de que somos apenas figurinhas atarantadas 
correndo de um lado para o outro.

(...) Quem é esse que afinal sou eu?
Quais seus desejos e medos, seus projetos e sonhos?
No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos...


Fonte: WEB


Silêncio faz pensar, remexe águas paradas...

(...) Mas, se a gente aprende a gostar de um pouco de sossego,
descobre - em si e no outro - regiões não imaginadas, questões fascinantes, 
e não necessariamente ruins.

(...) A quietude pode ser como uma chuva intensa e lenta,
tornando tudo singularmente novo:
nela a gente se refaz para voltar mais inteiro ao convívio,
às tantas frases, às tarefas, aos amores.

(...) Um pouco de silêncio bom para que eu escute o vento nas folhas,
a chuva nas lajes, e tudo o que fala 
muito além das palavras de todos os textos e da música 
de todos os sentimentos..."

(Lya Luft - Pensar é Transgredir - Record - 2004)


A Chuva - by Rosan


Sentada aqui, tranquila, escrevendo este texto,
com uma chuva mansa caindo lá fora, 
de repente me senti em paz, inteira, presente...

Todo final de ano, por festivo que seja,
carrega consigo agitação, barulho, correria...
Então o presente deste tarde veio como um balsamo...

Rosanna Pavesi/janeiro 2018



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