sábado, 8 de junho de 2013

SOBRE SONHOS E FASES DA VIDA...


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SOBRE SONHOS E FASES DA VIDA...

Pergunta:
 " Nossa vida consciênte parece desenvolver-se através de fases bem definidas: infância, adolescência, vida adulta, etc.
Os sonhos têm um desenvolvimento paralelo?

Resposta de Marie-Louise von Franz:

Há uma diferença essencial entre os sonhos dos jovens e dos idosos e, no meio da vida, ocorre um estágio transitório. Pode-se dizer que em geral os sonhos dos jovens os ajudam a adaptar-se  à vida.
Há um movimento rumo à adaptação externa, à realização da vida amorosa, da ambição pessoal
e assim por diante.

De modo geral, a partir dos 35 e 40 anos, os sonhos visam também uma adaptação
à vida interior, a descoberta do sentido de própria vida.
Atualmente, porém, mesmo os mais jovens podem sentir a urgência da vida interior.
Estamos a tal ponto esmagados pela mentalidade massificada de nossa civilização,
que muitos de nós se sentem supérfluos, invisíveis, descartáveis, sem importância...

Na vida profissional, por exemplo, podemos sempre ser substituídos por outros vinte que disputam o mesmo posto ou até por uma máquina.
E isto tem um efeito muito destrutivo sobre o homem moderno...
Ou ele compensa, tornando-se um megolomaníaco que quer sempre estar por cima
e/ou, pelo menos, conquistar alguma coisa,
 ou então se sente completamente esmagado e supérfluo,
de modo que uma depressão insidiosa pode instalar-se nele.
Atualmente, encontra-se essa depressão já em muitos jovens.
De alguma forma, eles se sentem profundamente deprimidos e desencorajados.
Não acreditam em sua própria vida, nem no significado de sua existência...

Ora, os sonhos apontam para o indivíduo o sentido único da sua vida, vida também única.
Talvéz seja esse o aspecto mais importante da vida onírica.

Há duas mil árvores na floresta e todas não passam de árvores,
mas quando olhadas de perto e com atenção cada uma tem uma personalidade única.
Não há duas árvores iguais.
A natureza realiza seus padrões através de seres únicos e individuais.
Por isso o pensamento estatístico é tão pernicioso, tão nocivo.
Precisamos aprender a ver e respeitar a caráter único de  cada coisa em si.

A realidade consiste de um imenso número de seres únicos e
 os sonhos nos ajudam a descobrir os padões únicos de nossa vida.

Na prática psicológica moderna há uma queixa muito frequente entre as pessoas:
 "Minha vida não tem sentido... Para que? O que estou fazendo aqui? Para que serve isso tudo?
 Eu poderia muito bem não existir..." e assim por diante.
E aqui o sonho é singularmente importante ao indicar o que o inconsciente quer dessa pessoa,
o que ele quer que essa pessoa se torne...

Costuma ser surpreendente.
Quando as pessoas me procuram, às vezes tento "adivinhar" qual é o seu destino, sua tarefa.
Imagino o que acontecerá com elas.
Trata-se de um problema criativo?
 Será que essa garota tão infeliz no amor encontrará seu João ou seu José?
Eu nunca acerto.
O que acontece é uma total surpresa...

Todas as soluções são únicas e é isto que torna tão excitante trabalhar com sonhos.
Nada se repete. Você nunca pode prever com precisão.
A natureza sempre dá uma resposta criativa"

(Notas: Marie-Louise von Franz em conversa com Fraser Boa, O Caminho dos Sonhos, São Paulo, Cultrix, 1993)

Os sonhos nos indicam onde se encontra nossa energia e para onde ela quer ir...
Todo sonho é uma mensagem útil que propicia um insight sobre o sentido específico da nossa vida.
Noite após noite essas mensagens se repetem, chegando a mais de cem mil no decorrer de uma vida.

Se estudarmos nossos sonhos por um certo tempo, começaremos a perceber conexões significativas entre eles.
Parece haver uma força diretriz que nos guia até o nosso próprio destino individual.

Os sonhos são como cartas que recebemos: elas precisam ser abertas e lidas...

Hoje quase não escrevemos nem enviamos mais cartas...
Trocamos e-mails, comentamos, postamos, etc.etc.
Seja como for, precisamos fazer e manter contato com nossos sonhos,
"solicitar sua amizade e cultivá-la"...

Rosanna Pavesi/Junho 2013



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