domingo, 8 de abril de 2012

IDENTIDADE, APERCEPÇÃO DE SI MESMO E O SENTIDO DA VIDA...

Envolvente - Rosan

 PREMISSA:
Fato ou princípio que serve de base a um raciocínio

SER HUMANO:
Às vezes imaginado como uma unidade bio-neuro-psico-social,
outras vezes como unidade evolutiva encarnada,
ou ainda como uma unidade corpo-mente-psique-espírito
e várias outras definições, dependendo da premissa, ou fantasia, que norteia a visão de ser humano.

 EGO/ EU:
Em psicologia análitica, um complexo:
o complexo do ego, cujo núcleo é arquetípico,
centro do campo da consciência tão só.
Sede das Funções Pensamento, Sentimento, Sensação, Intuição.
Apercepção, Percepção,Volicão, Motilidade, Fala, Sentidos, Função do Real.


Em Roots of Renewal in Myth and Madness de J.W. Perry (UMI - Books on Demand - Ann Arbor - Michigan/USA - 1997), lemos:


"SE A PREMISSA FOR:

O ser humano é fundamentalmente um animal biológico, então o ego é o orgão psiquico responsável pela percepção, compreensão, motricidade, sendo que todas estas atividades terão como finalidade última e exclusiva a adaptação à realidade externa.

Neste caso, o interesse e finalidade principais do ego se concentrarão em torno das relações objetais, que serão tratadas de forma realista e objetiva, ou seja, o ego possuirá uma capacidade bem desenvolvida de testar a realidade de forma objetiva.

A fim de alcançar tal capacidade, um ego desta ordem precisará desenvolver técnicas de defesa contra o poder de impulsos instintuais de natureza diversa - sacrificando-os se necessário - em favor e privilegiando uma boa adaptação ao meio social e suas demandas.

ENTRETANTO, SE A PREMISSA FOR:

O ser humano tornou-se um ser fundamentalmente psicológico, cujo impulso básico é a expansão e o desenvolvimento da consciência de si mesmo e do significado de sua vida, então o ego assume um aspecto diferente. 
Neste caso, a estruturação e a expansão da consciência do ego torna-se a finalidade e o objetivo de muitos processos internos complexos.
Estes processos internos estarão a serviço de uma harmonização entre minha consciência dos significados de meu mundo psiquico interno e o mundo objetivo externo, além da diferenciação das diversas influências, pressões e identificações sofridas a partir do nascimento.

Neste caso, o ego torna-se o portador de meu sentido de identidade, de minha especificidade e unicidade que leva uma vida inteira para se realizar plenamente, e a unicidade de minha visão de mundo que é a expressão substancial de minha natureza.

A busca de significado que vai se desenrolando, ano após ano, é da mesma espécie dos esforços para me tornar a pessoa que eu sou.
O processo envolve tanto uma compreensão e apreciacão de minha existência e de minha natureza, bem como a minha apreciação e compreensão do mundo externo."


A partir desta perspectiva, o que define o que o ego/eu é, enquanto construto teórico, é a premissa que define o que um ser humano é...
Assim, não é a definição teórica de ego/eu que me diz quem eu sou, mas sim a premissa, a fantasia daquilo que um ser humano é para mim, que define a função do ego/eu e quem eu fantasio que eu sou...

Estamos sempre inseridos em uma fantasia, uma crença, quer chamemos a isso de  Ciência,  Humanismo, Progresso,  Ecologia,  Crescimento, Tecnologia e assim por diante.

Cada fantasia, terá suas premissas, significado e finalidade e sua definição de ser humano...
Ao escolhermos uma, dentre as tantas, nos tornamos inevitávelmente unilaterais...
Perdemos todas aquelas que não escolhemos...

Assim que, talvez, o ideal seria um ego/eu imaginal, um ego/eu que - enquanto orgão psíquico -  possa deslocar-se de uma premissa, de uma fantasia a outra,  um ego/eu múltiplo, plural, multifacetado...

Não mais isto ou aquilo, mas sim
isto e aquilo, e aquilo, e aquilo...


Rosanna Pavesi/março 2012 




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