(Autor desconhecido)
METANÓIA, PINTURA E VOCAÇÃO
SOBRE METANÓIA E VOCAÇÃO...
Pedra-ovo (by Rosan)
"Cada pessoa tem uma singularidade que pede para ser vivida e que já está presente antes de poder ser vivida..."
(James Hillman em O Código do Ser, Rio de Janeiro, Objetiva, 1997, p. 16)
Vocação, neste contexto, assume a conotação de um chamado interior profundo,
um apelo daquilo que necessitamos fazer, parte essencial de nossa individualidade,
de nossa identidade pessoal, que - principalmente na metanóia -
leva frequentemente a uma mudança por vezes radical, na vida como um todo.
Na busca de um novo sentido, reestruturamos nossa identidade profissional,
nossa forma de estar no mundo, nosso estilo de vida, nossas prioridades...
Ressignificamos aquilo que é essencial, importante, secundário, supérfluo, prioritário ou só urgente...
Re-definimos aquilo sem o qual não podemos viver e aquilo que pode ser deixado para trás...
Na metanóia, a nosso ver, o resgate e/ou a descoberta vocacional insere-se num contexto mais amplo, em um processo denomidado por Jung de processo de individuação:
o tornar-se aquilo que se é,
o des-velar e vivenciar, da forma mais plena possível, o potencial de nossa singularidade,
em todas suas nuances de luminosidade e sombras, de abertura e limites...
É um "último chamado" para a autenticidade...
Nesta fase, dois instintos parecem predominar:
o instinto de reflexão
compreendido como um voltar-se temporariamente para dentro,
para longe do mundo e dos objetos externos,
em direção às imagens e experiências psíquicas subjetivas,
à religiosidade e à busca de significado.
o instinto criativo
como uma necessidade de vida.
Segundo J. Hillman (1) a criatividade, bem como os outros instintos, requer consumação, sendo capaz de produzir imagens de seus objetivos e de orientar o comportamento para a sua satisfação.
Lembramos também que, para Jung, o prototípo do inconsciente não é o reprimido,
mas também o criativo e o ainda não vivido.
A ressignificação do trabalho como instrumento de auto-realização vocacional
é parte essencial deste processo.
Do ponto de vista prospectivo, acreditamos que, nesta faze de vida,
o instinto criativo possa ser imaginado e pensado como impulso para a totalidade.
Este impulso para a auto-realização age com a coercitividade de um instinto,
somos impelidos a sermos nós mesmos...
E, talvez,seja esta a verdadeira tarefa humana criativa?
Rosanna Pavesi/novembro 2012
(NOTAS: (1) - James Hillman, O Mito da Análise, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984)
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